domingo, 6 de maio de 2012

MAIS UM POEMA...


         PRISIONEIRA

Minha alma não se conforma com o corpo que habita.
Por que não ocupou o corpo de um pássaro
pois teria a amplidão do espaço
que lhe daria maior liberdade?
Minha alma, na verdade,
quer do espaço, a amplitude,
mas quer, mais ainda, do amor a plenitude
que ainda não conseguiu encontrar
mas que não cansa, jamais, de procurar!
Minha alma, pobre coitada!
Vive neste corpo acorrentada,
desejando muito mais do que ele lhe pode dar.
E mesmo assim não desiste de amar!
Investe tudo o que possui de melhor
e até mesmo o que não tem
na esperança de encontrar o bem maior:
o amor pleno, que parece que nunca vem!
Minha alma é um pássaro preso
numa gaiola que se desmantela
e que,  qualquer dia destes,
voa feliz ...e  foge dela! 

terça-feira, 1 de maio de 2012


TEIA DO TEMPO


O tempo a tudo registra
em seus arquivos exatos.
Traçando uma teia completa
de cada um de nossos atos.

Registra rastros embaralhados,
nas voltas que a teia dá.
Leva a solidão de companheira
a qualquer lugar que se vá.

Semeamos tantas sementes,
mas só essa germinou.
Parece que o solo fértil,
só a solidão alimentou.

Somos infelizes condenados,
juízes de nossa própria pena.
Ao triste cárcere solidão,
o próprio homem se condena.

Por isso, a teia do tempo
é uma sentença cruel
sem advogado de defesa,
é assinada pelo próprio réu.
Cleia Dröse